Aos 70 anos, dançarina baiana une balé e surfe para inspirar processo de envelhecimento saudável
31/05/2025
(Foto: Reprodução) Com uma carreira profissional que começou aos 16 anos no Royal Ballet School, na Inglaterra, Teresa Cintra dedicou-se à carreira como professora de balé e, aos fins de semana, busca equilíbrio com o surfe. Aos 70 anos, dançarina baiana une ballet e surfe para inspirar envelhecimento saudável
Aos 70 anos, a bailarina baiana Teresa Cintra é um exemplo de vitalidade e paixão pelo estilo de vida saudável. Com uma carreira profissional que começou aos 16 anos no Royal Ballet School, em Londres, na Inglaterra, ela dedicou-se à dança e ministra aulas para crianças e adultos em Salvador.
Durante os finais de semana, Teresa ainda troca as sapatilhas pela prancha de surfe, mostrando que nunca é tarde para viver novas experiências. Ao g1, ela detalhou como foi o início da sua trajetória no balé e como concilia o esporte e outras atividades físicas na rotina.
"Entre 6 e 7 anos de idade, meus pais me colocaram no balé para poder praticar exercício físico. Quando tinha 16, dois profissionais da Royal Ballet que estavam em Salvador viram eu me apresentar e acharam que eu tinha potencial", contou a bailarina.
Teresa Cintra dá aulas de ballet e pratica surfe aos finais de semana
Arquivo pessoal
Teresa disse que morou em Londres por cinco anos e passou por algumas dificuldades para se adaptar à língua inglesa, além dos desafios por ter viajado sozinha e para manter o peso corporal. Ela lembra que engordou após alguns meses no país europeu e recebeu até uma reclamação da companhia de dança.
O grupo lhe enviou uma carta para apontar que, embora ela fosse muito talentosa, estava acima do peso e, portanto, não tinha físico de bailarina. Teresa então resolveu fazer uma dieta e perdeu peso.
"Eu tenho tendência a engordar, mas como de tudo, nas quantidades corretas. Como sarapatel, mocotó e tudo que me oferecerem, mas me alimento de itens saudáveis na maior parte do tempo e nunca parei de dançar, nem fazer outras atividades físicas", pondera.
Mãe de três filhos e avó de três netos, Tereza contou que apenas uma filha decidiu seguir seus passos e tornou-se bailarina
Arquivo pessoal
Após passar cinco anos na Royal Ballet, ela decidiu retornar ao Brasil. Eram os anos 1970 — período em que as mulheres eram ainda mais preparadas para casar e ter filhos, priorizando a formação da família.
"Nas idas e vindas para o Brasil, eu conheci meu ex-marido e voltei para poder casar com ele. Eu vinha muito para cá porque meus pais exigiam que eu tivesse uma outra formação. Eu cheguei a concluir o curso de Pedagogia, mas não exerci".
Foi aí que, formada como professora pela companhia europeia, Teresa passou a dar aulas de balé na capital baiana. Ela ressalta que dá aulas para pessoas de todas as idades, inclusive idosos.
Para a bailarina, há muito preconceito relacionado a começar o balé na vida adulta. Mas ela garante que é possível apreender e dominar os movimentos. A mãe da professora, que hoje tem 96 anos, é uma de suas alunas.
"Eu adoro pegar um adulto, que não sabe nada de balé e colocar para fazer todos os movimentos. Não existe isso de estar velho para começar. A dança tem um linguagem cultural tão fácil e se ela é bem colocada, terá progresso. Existe uma técnica e fortalecimento para os adultos e até idosos".
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Teresa Cintra começou trajetória profissional no ballet aos 16 anos
Além de dar aulas de balé e praticar surfe, Teresa Cintra ainda foi abre-alas da escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel em 2020, antes da pandemia da Covid-19. "Era um sonho, desde novinha, que acabou sendo interrompido por causa dos meus casamentos. Mas depois deu certo", celebrou.
Além de dar aulas de ballet e praticar surfe, Teresa Cintra ainda foi abre-alas da escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel em 2020
Arquivo pessoal
Mãe de três filhos e avó de três netos, Tereza conta que apenas uma filha decidiu seguir seus passos e tornou-se bailarina. No entanto, ela possui outras duas graduações e não dá aula de dança, como a mãe.
Conexão e equilíbrio do corpo
Quanto ao surfe, são os netos que a incentivam a praticá-lo nas praias de Salvador durante os finais de semana. Ela revelou que começou a surfar ainda na infância "por adorar o mar" e só parou quando estava na Inglaterra, na companhia de balé, pois era proibida de fazer determinadas atividades, como surfe, hipismo e patinação.
Para a professora, o esporte e a dança estão conectados em relação ao equilíbrio e coordenação do corpo.
"Eu estou sempre em forma por causa do balé e ele [o surfe] faz o corpo funcionar porque proporciona a estabilidade".
"Eu indico para todo mundo fazer atividade física todos os dias, nem que seja uma caminhada, para poder se movimentar. E claro, fazer o balé clássico, porque mexe o corpo inteiro", recomendou.
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